Nissan ignora híbridos por anos e enfrenta uma crise histórica na indústria automotiva

A Nissan atravessa um dos momentos mais críticos de sua história, com relatos internos indicando que a montadora tem entre 12 a 14 meses para estabilizar suas operações ou enfrentar consequências graves. A empresa enfrenta cortes de 9.000 empregos, uma redução de 70% na previsão de lucros anuais, e uma relação cada vez mais fragilizada com a Renault, cuja participação na parceria caiu para 36%.

Entre os muitos fatores apontados para essa crise, destaca-se a falta de uma estratégia sólida para atender à crescente demanda por veículos híbridos, um erro que pode ter custado caro à montadora.

Apostando no cavalo errado: a falta de foco nos híbridos

Enquanto o mercado global, especialmente nos Estados Unidos, migrou para os híbridos e plug-in híbridos, a Nissan dobrou suas apostas nos veículos elétricos (EVs). Apesar de pioneira com o lançamento do Leaf, o primeiro carro elétrico de produção em massa, a montadora falhou em capitalizar a inovação.

O CEO Makoto Uchida admitiu recentemente que a Nissan subestimou a ascensão dos híbridos, acreditando que a mudança nos hábitos dos consumidores seria apenas uma moda passageira. Essa percepção atrasada resultou em uma estratégia desalinhada com a demanda do mercado.

O impacto na China e nos Estados Unidos

A situação da Nissan é ainda mais desafiadora na China, onde já foi uma marca forte, mas hoje sofre com a percepção de que seus veículos são ultrapassados. O Sylphy e-Power, versão híbrida do Sentra, foi recebido com indiferença, em grande parte porque não apresentava diferenciação visual significativa em relação à versão a gasolina, confundindo os consumidores.

Nos Estados Unidos, o SUV elétrico Ariya foi projetado para agradar ao público local, mas foi classificado como mediano, incapaz de competir com híbridos populares e outros elétricos mais avançados.

A demora no retorno aos híbridos

Somente agora a Nissan parece reconsiderar sua abordagem. Planos para lançar híbridos plug-in (PHEVs), como o Rogue PHEV, estão previstos apenas para 2026, enquanto concorrentes como a Mitsubishi, com o Outlander PHEV, já ocupam o segmento com sucesso.

Essa demora parece refletir anos de decisões estratégicas equivocadas, como a descontinuação do Rogue Hybrid, deixando a Nissan ainda mais vulnerável em um mercado que valoriza eficiência energética e tecnologia híbrida.

A crise e o futuro da Nissan

A situação atual é agravada por desafios globais, incluindo uma queda na demanda por elétricos na China, greves na Europa e uma transição energética mal planejada por governos centrais. Um executivo anônimo da Nissan alertou para a possibilidade de colapso até fevereiro de 2026, caso a empresa não corrija rapidamente o curso.

A Nissan, que já esteve entre as líderes da indústria automotiva, enfrenta agora um momento decisivo. Apostar nos híbridos pode ser uma saída viável, mas resta saber se a marca terá tempo suficiente para reverter os erros do passado e recuperar sua posição no mercado.

Um chamado para ação

A crise da Nissan é um lembrete contundente de como decisões estratégicas erradas podem impactar até mesmo as marcas mais renomadas. Para sobreviver e prosperar novamente, a empresa precisa de ações imediatas, inovação e uma estratégia clara que combine veículos híbridos, elétricos e a combustão para atender às demandas do mercado global.